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Cusco: a cidade dos Incas

  • Foto do escritor: Virna Miranda
    Virna Miranda
  • 27 de jun. de 2012
  • 6 min de leitura

Atualizado: 14 de dez. de 2024

Junho de 2012



Depois de passar dois dias em Lima, hora de partir para a próxima etapa da nossa jornada pelo Peru. De manhã bem cedinho, pegamos um voo para Cusco. Estávamos super curiosos em conhecer essa cidade histórica, no meio das montanhas. Cusco fica a 3.400 metros de altitude, em plena Cordilheira.

O sobrevoo dos Andes é simplesmente espetacular. As montanhas com picos nevados parecem tocar as nuvens. Os grandes canyons são serpenteados por rios e salpicados de pequenos lagos.


Sobrevoando os Andes
Sobrevoando os Andes

E de repente, o piloto anuncia: preparar procedimento para descida. Olhando para baixo, só se vê montanha... O pouso em Cusco é uma experiência única: quando você menos espera, a cidade se revela em um vale e para alcançar a improvável pista, o piloto contorna os picos com habilidade de condor.


E vamos pousar ali...
E vamos pousar ali...

Do aeroporto, pegamos um táxi para o Costa del Sol Ramada. Esse pequeno e charmoso hotel boutique é lindo, com arquitetura colonial. Nosso quarto tinha uma bay window com vista para o átrio central - marca de muitos edifícios da cidade histórica.



Fomos recebidos com o famoso "mate de coca", remédio para o soroche, o mal das alturas. Para nossa sorte, não sentimos muitos efeitos, apenas uma pequena falta de ar quando subíamos escadas. Deixamos as malas no quarto e fomos fazer o reconhecimento da cidade.


Um passeio pela magia de Cusco


O Costa del Sol é muito bem localizado. Em poucos passos, chegamos em nossa primeira parada: a Plaza de Armas.


Plaza de Armas, o "centrinho" de Cusco
Plaza de Armas, o "centrinho" de Cusco

Cusco é um lugar indescritível. Parece que estamos em um filme. A história pulsa das ladeiras, dos becos de pedra, dos casarões.




Caminhamos até o Hotel Monastério, um cinco estrelas incrível, onde tomamos uma taça de vinho "Amaral" e um tiradito de corvina defumada (tiradito é uma espécie de ceviche em forma de carpaccio). O dia estava lindo, muito sol, mas logo mais a tarde cairia uma chuva de granizo derrubando a temperatura de vinte para cinco graus.




Demos uma rápida passada no Museu Inka e seguimos para o Qorikancha, que em Quechua (o idioma inca), significa "Templo do Sol".


Qorikancha, o templo do sol
Qorikancha, o templo do sol

Na verdade, o antigo monastério foi um dos mais importantes templos do Império Inca, dedicado ao "Inti", o Deus Sol. É uma das edificações mais fantásticas da cidade, uma visita imperdível.



De lá, pegamos um táxi para subir a ladeira até o bairro de San Blas, que concentra grande quantidade de lojas de artesanato e ateliês. A dica é ir de carro até a parte mais elevada e depois descer andando, pois ladeira abaixo é mais fácil e você vai curtindo o visual incrível das estreitas ruas de pedras. 




Para repor as energias, paramos no Paddy's Pub, um autêntico pub irlandês, excelente pedida para um happy hour regado a boa cerveja. Peça uns pasteizinhos com massa "Watan" para acompanhar. Deliciosos!


Um brinde aos Incas
Um brinde aos Incas

À noite, Cusco parece ainda mais mágica. Centenas de luzinhas no morro fazem a cidade parecer um presépio. Ainda fomos premiados com uma lua cheia de tirar o fôlego.


Quando a noite cai, a cidade vira um presépio
Quando a noite cai, a cidade vira um presépio

O lugar escolhido para nosso jantar foi o recomendado Cicciolina, do Chef Luis Alberto Saciloto. Foi a melhor comida da viagem, sem dúvida. Recomendo o tagliarini com langostinhos. Dos Deuses!



Vale mais que Sagrado


No dia seguinte, fomos conhecer o Vale Sagrado dos Incas. Compreendido  entre os povoados de Písac e Ollantaytambo, o Vale Sagrado é composto por numerosos rios que descem por pequenos vales e abriga importantes sítios arqueológicos, além de numerosos povoados indígenas. Essa região foi muito apreciada pelos Incas por conta de suas qualidades geográficas e climáticas, constituindo-se como um dos principais pontos de produção pela riqueza de suas terras.


Ollantaytambo, no Vale Sagrado
Ollantaytambo, no Vale Sagrado

O Rio Urubamba é o principal que banha a região e nos acompanhou por todo o passeio. Para conhecer o Vale Sagrado, contratamos os serviços da Adventure Club no Brasil e nos juntamos a um grupo conduzido pela agência local Condor. Saindo de Cusco às 8:30 da manhã, o tour é feito de ônibus, que percorre uma estrada linda, que serpenteia pelas montanhas dos Andes e vai passando por vários vilarejos. Da estrada, avistam-se alguns picos nevados, numa paisagem espetacular.




Primeira parada: Awana Kancha. Nessa pequena localidade, desenvolve-se um projeto sociocultural de resgate da antiga tradição de tecelagem das Incas. Pudemos conhecer os diversos tipos de animais que fornecem sua lã para os tecidos: alpacas, lhamas e vicunhas. Os visitantes recebem ramos de folhas para alimentar os simpáticos "anfitriões", que posam de boa vontade para as fotos, em troca de um bom matinho.




Além da divertida tarefa de alimentar essa galera, em Awana Kancha é possível conhecer o passo a passo do processo de tecelagem manual, explicado pelas próprias artesãs - do tingimento da linha ao trançado feito somente com as mãos, com o auxílio de grandes agulhas de madeira. É incrível, porque os desenhos e tramas são feitos de cor - não há moldes nem referências. Cada povo Inca é representado por determinadas cores e padrões (vi essa mesma tradição na Guatemala).



Os visitantes podem comprar o artesanato local em uma lojinha que oferece tecidos e outras lembranças. Os tecidos são de qualidade, a maioria feita a mão e com lã pura de baby alpaca (o primeiro corte da lã da alpaca), por isso são mais caros que os encontrados nas lojas e mercados populares como o de Písac, nossa próxima parada.


Em Písac, está o principal mercado popular de artesanato do Peru, que funciona aos domingos (é o dia que tem mais barracas), terças e quintas. 



Infelizmente, tivemos pouco tempo, aliás um dos problemas dos tours oferecidos por agências de viagem, que te dão hora limitada para tudo. Recomendamos uma paradinha para comer uma autêntica empanada peruana assada em forno a lenha datado de 1820 (fica em uma ruazinha lateral ao mercado).


Empanada assada em um forno de 2 séculos.
Empanada assada em um forno de 2 séculos.

Na mesma rua, tem uma loja que fabrica joias em prata e pedras preciosas. Vale uma passada, tem coisas lindas. Não é das mais baratas, mas em matéria de joia, é bem mais seguro que os anéis e pingentes oferecidos nas barraquinhas do mercado de rua.


Depois de Písac, fomos almoçar no restaurante de um hotel lodge da região. Um lugar paradisíaco, com um lindo jardim florido e uma capela, um charme. O almoço é um buffet de comidas peruanas servido em um varandão, acompanhado por músicos tocando flauta andina. Achamos a comida bem mais ou menos, mas valeu pelo ambiente e pela experiência.



Devidamente alimentados, seguimos viagem para conhecer o sítio arqueológico de Ollantaytambo.



Vale contar a história do local:

Em um vale cercado por 3 montanhas, Manco Inca - o último rei do Império Inca a ser derrotado pelos espanhóis - e seu povo construíram uma cidade de pedras, cujo projeto se baseou nas indicações de um complexo sistema que combinava um calendário solar para determinar as estações e, consequentemente das colheitas, com correntes de vento que correm por entre as fendas das montanhas. Para construir o templo sagrado, foram utilizadas pedras gigantes que chegavam a pesar 80 toneladas. Essas pedras eram extraídas de pedreiras de uma montanha do outro lado do rio e transportadas por grupos de 12 a 15 homens e mulheres. Eles atravessavam o rio carregando os grandes blocos e com a força humana os tracionavam ladeira acima até o topo das plataformas construídas por níveis. Infelizmente, Manco Inca e seus homens não chegaram a concluir sua cidade, pois foram invadidos pelos espanhóis comandados por Hernandez Pizarro (irmão de Francisco Pizarro, que invadiu Machu Picchu). Na primeira batalha, os espanhóis foram derrotados a flechadas e também pela dificuldade de acesso, somados à intrigante estratégia de Manco Inca, que abriu a barragem, deixando a força da água arrastar os inimigos montanha abaixo. Algum tempo depois, numa nova tentativa, Hernandez retornou com reforço, derrotando os Incas, que fugiram em direção à floresta. Manco Inca, porém, só seria capturado 40 anos mais tarde, em plena selva amazônica, encerrando assim a dinastia Inca do Peru. De qualquer forma, Ollantaytamba é considerada a última cidade Inca vivente, pois sua população conserva o modo de vida dos antigos antepassados - um lugar mágico repleto de histórias e lendas, onde o tempo parece ter parado.


De volta a Cusco, fomos jantar no Inka Grill, restaurante indicado por nossa nova amiga Regina, uma paulista super simpática que conhecemos no tour do Vale Sagrado. O Inka Grill fica na Plaza de Armas, mas a comida deixou um pouco a desejar. É meio turístico, os pratos estavam sem sabor. Se a proposta for comer o melhor da deliciosa comida peruana, Cusco oferece excelentes opções. O Cicciolina, definitivamente, foi o nosso eleito.


No dia seguinte, acordamos cedinho. Hora de embarcar para o momento mais esperado da viagem: Machu Picchu. Mas essa aventura conto nesse post aqui:


Leia também o post sobre nossa visita a Lima, onde começamos nossa viagem pelo Peru.

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