Lima: ponto de partida para explorar o Peru, mais conhecido como o "país dos Incas"
- Virna Miranda
- 20 de jun. de 2012
- 8 min de leitura
Atualizado: 14 de dez. de 2024
Junho de 2012

Quando comecei a planejar nossa viagem ao Peru, motivada pelo antigo sonho de conhecer Machu Picchu, tive dificuldade de encontrar um bom guia sobre o país. Na época da viagem, em 2012, segundo o vendedor da livraria não existiam muitas publicações sobre esse destino, "porque o Peru não tem muitos atrativos turísticos". Fala sério... Acabei encontrando uma edição do Lonely Planet e ao folhear suas páginas fui constatando aliviada o quanto ele estava equivocado. Cada capítulo revelava lugares incríveis. Eram tantas opções que foi difícil montar o roteiro. Como tínhamos somente 8 dias, optamos por Lima, Cusco, Vale Sagrado e Machu Picchu, é claro. Fiquei bem tentada a incluir o Lago Titicaca, mas com o tempo que tínhamos, ficaria bem corrido. No final, acho que tomamos a decisão certa: foi uma iniciação perfeita para nos apaixonarmos por esse país encantador, naqueles tempos - e acho que talvez ainda hoje - pouco explorado pelos viajantes mais tradicionais. Embarque em nossa aventura e prepare-se: o Peru pode se tornar seu próximo destino.
Na série de posts "Peru: explorando o país dos Incas", vou contar como foi nossa viagem, que ainda incluiu um pit stop que nos brindou com um pocket tour de 4 horas por Santiago, no Chile. Nesse primeiro post, saiba o que fizemos em Santiago e em Lima, onde passamos 3 dias. E depois, confira os posts de Cusco e Machu Picchu.
De São Paulo a Lima, com uma paradinha em Santiago

Nossa viagem começou por Santiago. Como o voo fazia uma conexão na capital do Chile, depois de sobrevoar os lindos picos nevados das Cordilheiras dos Andes, resolvemos aproveitar a tarde para comer os deliciosos mariscos do Pacífico encontrados no Mercado Central e dar uma voltinha pela cidade que Zeca não conhecia.
Na empolgação do primeiro dia de viagem, resolvemos enfiar o pé na jaca e pedir uma centolla, o famoso caranguejo gigante do Pacífico. Nem queiram saber quanto deu a conta... ui, era só o primeiro dia...
Muitas big pernas de caranguejo depois, aproveitamos o tempinho que faltava para passear um pouco pelos arredores e curtir o fim de tarde em Santiago, antes de seguir viagem.
Próxima parada: Lima.
Lima: a nova coqueluche da gastronomia mundial. Bon provecho!
Ficamos hospedados no NM Lima Hotel, no elegante bairro de San Isidro, que junto com Miraflores disputa a preferência dos visitantes. O NM é um hotel executivo, sem aquele grande fluxo de turistas. É super bem localizado, moderno, com quartos confortáveis e serviço impecável. Adoramos.
Devidamente instalados, partimos para explorar a capital peruana, cada dia mais famosa por sua gastronomia rica e inovativa, a base de muitos ceviches, langostins, maíz (o milho peruano) e outros ingredientes de origem andina, tudo acompanhado por muito pisco sour, é claro!!!

Para abrir o apetite, começamos nosso tour pelo sítio arqueológico de Huaca Pucllana, que significa algo como "Templo de Jogos".

No idioma quechua, "huacas" são templos sagrados onde divindades são cultuadas. Localizada em pleno coração de Lima, as ruínas da Huaca Pucllana datam de 400 D.C., ou seja, pelo menos 1.000 anos mais antigas que Machu Picchu.
Um pouco de história... O sítio arqueológico de Huaca Pucllana lembra as construções do Egito antigo. As edificações são feitas de "adobes", tijolos de barro empilhados milimetricamente, em uma engenharia perfeita. As paredes tem forma de "livreiros" para dar equilíbrio e previnir contra possíveis abalos sísmicos. A pirâmide principal tem 7 níveis. Os estudiosos acreditam que esses níveis foram construídos sucessivamente ao longo de décadas. A cada novo nível, o inferior era soterrado para reforçar a base da pirâmide. A Huaca tinha duas funções: administrativa, na parte mais baixa, e religiosa, com altares para a realização de rituais, localizados no topo da pirâmide. Um detalhe macabro: durante as escavações, corpos de mulheres jovens foram encontrados em túmulos soterrados. Acredita-se que as mesmas eram sacrificadas nos rituais dirigidos a Pachamama - a mãe terra.
Depois da visita a Huaca Pucllana, continuamos nosso passeio de reconhecimento à cidade. Seguimos pela Avenida Arequipa, surpreendente, limpa e arborizada. Nessa avenida, pode-se encontrar bons mercados de artesanato, como o Inka Market, com várias lojinhas interessantes de tecidos, pinturas, pratas e mil opções de presentes e lembranças.

Paramos em um simpático restaurante chamado Tiendecita Blanca para tomar uma cerveja Cusqueña (a cerveja mais famosa do Peru), comer o primeiro ceviche em terras peruanas e conhecer o "camote", tubérculo que costuma ser servido com os ceviches, ao lado do "maíz" (milho). O camote lembra uma mistura de batata com abóbora, doce, cremoso, uma delícia, que conquistou o paladar de Zeca!

Continuamos nossa caminhada até a orla, região chamada de Circuito de las Playas. Ficamos boquiabertos com o visual: duzentos metros abaixo, em uma grande falésia, o Pacífico chega à cidade com fortes ondas, para alegria dos surfistas.

No céu, dezenas de paragliders coloridos completam a paisagem. A orla de Lima é cheia de pequenos parques floridos.
Descendo por grandes escadarias, descobrimos que a praia por essas bandas é bem diferente: no lugar da areia, grandes seixos vulcânicos. O barulho das ondas arrastando as pedras no fundo do mar é instigante.

Depois de uma boa caminhada, hora de parar para recarregar as energias. Lugar escolhido: o charmoso La Rosa Náutica. O restaurante fica em um píer de madeira que avança sobre o mar. O lugar é lindo e a comida, esplêndida. Almoçamos em uma mesinha ao lado das grandes janelas de vidro que dão para o mar.

Detalhe curioso: olhando pela janela, a impressão que se tem é de que a qualquer momento pode vir um Tsunami das bandas do Japão. Aliás, avisos espalhados pelas ruas da região indicam rotas de fuga, mas o taxista que
nos levou de volta ao hotel jurou que é bem improvável que tal fato aconteça. Na verdade, terremotos são mais temidos por aqui que Tsunamis... ai, ai...
A noite de sábado foi pra lá de divertida. Primeiro, fomos ao famoso Rafael Osterling - um gastrobar bem local, frequentado pela elite limeña. Comemos um ceviche galáctico e mais algumas iguarias, acompanhados por alguns piscos... Do Rafael, fomos conhecer os cassinos peruanos - por aqui o jogo é liberado, e dezenas de casas com suas luzes piscando se espalham pela cidade. Começamos pelo Atlantic City, um dos maiores. Depois de gastar alguns dólares em uma maquininha ridícula, desistimos da carreira de jogadores e resolvemos mudar de diversão. Na outra esquina, encontramos o Fiesta, bem mais animado. Tinha uma banda tocando música latina e o simpático barman nos preparou mais alguns piscos para celebrar a primeira noitada da viagem.

A Plaza de Armas e o centro histórico de Lima
No domingo, fomos conhecer a Central Lima, o centro histórico dessa cidade surpreendente. Na Catedral, acontecia uma missa acompanhada por canto gregoriano. Na Plaza de Armas (toda cidade peruana tem uma Plaza de Armas, herança dos espanhóis), fica o Palácio do Governo. Como era domingo, pudemos assistir à troca da guarda, com direito a banda e tudo.
Passeando pela região, acabamos descobrindo um boulevard gastronômico incrível, cheio de restaurantes charmosos com mesinhas na calçada. Um dos mais concorridos é o T'ANTA, a sanduicheria do famoso chef Gastón (do Astrid & Gastón), onde comemos uma autêntica empanada limeña.
Também imperdível é a Casa de Gastronomia Peruana, um museu dedicado à história da gastronomia do país. Super interessante, e ainda por cima, gratuito.

Do centro, pegamos um táxi até o bairro de Barranco. O lugar tem casarões coloniais que abrigam bares e restaurantes, mas a maioria estava fechada no domingo a tarde, para nossa decepção.

Descemos então a comprida "escalera" até a praia e pegamos outro táxi para o Shopping Larcomar. Esse é um dos principais pontos de entretenimento de Lima: lojas, restaurantes, bares, boliche, em um charmoso centro comercial com uma vista espetacular para o mar.
Almoçamos no restaurante Porto Fino, apreciando o visual e degustando ceviches e cordeiros. Para finalizar nosso dia, café e licor na "barra" do Zanzibar, o simpático barzinho do restô.

Uma dica sobre a cidade: os táxis de Lima não possuem taxímetro. A corrida é negociada no momento em que você entra no táxi, e vai depender da distância, do horário e do humor do motorista. A frota de veículos da capital peruana é velha, com carros caindo aos pedaços, então não espere um transporte muito confortável, sem falar no trânsito muito louco da cidade!
No dia seguinte, partimos para a próxima etapa da nossa jornada pelo Peru. Pegamos um voo para Cusco, onde passaríamos 3 dias, e de lá embarcaríamos no trem para conhecer Machu Picchu. O roteiro dessa etapa você confere nos posts abaixo:
Para voltar a Lima, depois do passeio de um dia e meio por Machu Picchu, pegamos o trem de volta a Cusco para um último pernoite e na manhã seguinte, cedinho, voamos de volta para Lima, onde passaríamos mais um dia antes de retornar ao Brasil. Confira a seguir como foi nosso último dia na capital peruana.
De volta a Lima
Depois dos cinco dias de nossa viagem por Cusco e Machu Picchu, pegamos o voo de volta para Lima, com uma conexão em Arequipa, ao sul do Peru, conhecida como cidade branca. Mas só deu tempo mesmo de tirar uma foto da porta do avião de um dos três vulcões com picos nevados que rodeiam a cidade: o Chachani, o El Misti e o Pitchu Pitchu.

Chegamos a Lima por volta do meio dia e aproveitamos a última tarde na cidade para conhecer o Museu Rafael Larco Herrera - um museu de arte pré-colombiana que possui um acervo incrível de achados arqueológicos que retratam os 3 mil anos de história do Peru. São centenas de objetos e estátuas de cerâmica e a mais fina coleção de jóias incas em ouro, prata e pedras preciosas.

O Larco é meio afastado da região turística de Lima, mas vale a visita. O museu está instalado em um lindo casarão colonial de paredes brancas, com jardins cheios de bougainvilles.
Não deixe de conhecer a sala de arte erótica, na parte inferior do museu, que abriga uma coleção de estatuetas eróticas dos antigos povos peruanos. Ao lado, você encontra um simpático café-restaurante.
Também achei incrível o depósito de objetos que fica aberto ao público. Fiquei impressionada com a quantidade de estatuetas, vasos e outros itens em cerâmica guardados nesse local - quanto coisa foi encontrada pelos arqueólogos, quanta coisa ainda deve existir nos lugares que não foram escavados em todo o território peruano...
A última noite no Peru foi dedicada a uma comemoração antecipada do Dia dos Namorados. Escolhemos o restaurante Brujas de Cachiche, recomendado por Iuri, meu irmão. O lugar é charmoso, a comida muito bem servida, mas elegemos o barzinho onde tomamos o último drink como o ponto alto do local.
Nos despedindo das terras peruanas
Malas prontas para voltar para casa, aproveitamos a manhã livre para caminhar até o Inka Market, o mercado de artesanato que fica na Avenida Arequipa, em Miraflores, para umas últimas comprinhas.
Nos despedimos do Peru com uma sensação de satisfação incrível e planos de voltar um dia. Amamos esse país, com sua cultura tão rica, sua história milenar, sua tradição gastronômica invejável. Foi uma viagem realmente especial, onde curtimos muito cada momento. Hasta la vista, Peru!

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