Entre Alpes e chocolates: o que nos levou à Suíça

Alpes Suíços na região de Grindelwald - Jungfrau

Por que escolhemos a Suíça — e por que você também vai querer ir

Escolher o destino da próxima viagem nunca é uma tarefa fácil. São muitos poréns... O mundo é grande, são muitas opções. A grana, em geral, é suada e viajar está cada vez mais caro. Pra completar, compromissos profissionais restringem nossas opções da melhor época para tirar férias, sem falar na missão de evitar muito calor ou muito frio, as multidões de turistas e os preços exorbitantes das altas temporadas.

Eu já conhecia a Suíça, mas lá se íam muitos anos... Nem lembrava mais direito dos detalhes. Conheci a parte francesa, numa road trip beirando o esplendoroso Lac Léman, também conhecido como Lago de Genebra, e minha memória era de um país de sonho, com casinhas de boneca salpicadas nas paisagens deslumbrantes. Na época, mal existia internet, e os vídeos de YouTube com suas dicas preciosas eram algo impensável. Mas foi navegando pelo conteúdo dessa galera desbravadora, que adora compartilhar suas experiências para inspirar outros viajantes, que começamos a cogitar uma viagem para a Suíça.

Algumas coisas eram unânimes: é um país caríssimo, dos mais caros do mundo. Um cafezinho chega a custar R$ 35. No primeiro momento, isso assusta e faz a gente querer desistir na largada. Mas decidimos seguir pesquisando e descobrimos outros aspectos que nos fizeram repensar. De um lado, paisagens deslumbrantes formadas por picos nevados, vilas alpinas incrustadas nas montanhas, lagos cor de esmeralda, cachoeiras de degelo, trilhas que percorrem vales e rios saídos da embalagem de uma caixa de chocolate (suíço, de preferência).

Lago Brienz - Interlaken

Do outro, cidades que combinam ruas de compras repletas de marcas de luxo com o charme da arquitetura medieval. Zurique e Berna são bons exemplos dessa dualidade: a primeira, moderna e cosmopolita, com uma vida cultural vibrante; a segunda, uma capital que preserva o ritmo tranquilo de uma vila medieval, com suas fontes, arcos e telhados vermelhos.

Mas um dos pontos que mais nos motivou a seguir adiante foi a mobilidade. Optamos por uma viagem diferente: deixamos de lado a o carro alugado e embarcamos em uma aventura de 12 dias a bordo de trens, barcos, ônibus, gôndolas, teleféricos e trens de cremalheira. A malha de transporte da Suíça é um espetáculo à parte. É possível chegar às mais remotas vilas alpinas, onde não entram carros, usando apenas transporte público. E o melhor: tudo funciona com pontualidade, limpeza, organização e vistas cinematográficas.

Para facilitar ainda mais, optamos pelo Swiss Travel Pass. Sim, é caro. Mas vale cada centavo. O passe te permite viajar de forma ilimitada por trens, barcos e ônibus por praticamente todo o país. Você entra e sai sem precisar reservar e sem se preocupar com bilhetes, contando ainda com a liberdade de descer em um vilarejo que você viu pela janela só porque achou bonito. Além disso, muitos passeios estão incluídos no passe ou têm desconto, e a experiência de atingir lugares remotos admirando paisagens estonteantes é algo que fica para sempre na memória. Com uma mala de mão e uma mochila, a jornada se torna ainda mais leve, prática e libertadora.

Vamos falar sobre gastronomia. Quem nos conhece sabe que amamos comer bem, e que para nós, explorar a cultura gastronômica de um lugar é um dos pontos altos da viagem. No caso da Suíça, temos que reconhecer que sua tradição culinária não está entre as mais famosas do mundo. Mas no fundo, ela tem seu charme: fondues e racletes fumegantes, queijos maravilhosos (base de quase tudo), boas cervejas, vinhos locais surpreendentes e chocolates que derretem na boca.

Mas um porém... Comer bem na Suíça é caro, então é preciso certa estratégia: intercalar refeições em bons restaurantes (que não precisam ser os estrelados) com opções mais econômicas, como uma sanduíche com linguiça em uma animada feirinha de rua ou uma pausa para um piquenique tranquilo enquanto admiramos os majestosos Alpes. E o país convida aos piqueniques! Especialmente na primavera e no outono, é fácil encontrar comidinhas gostosas a preços acessíveis em street markets, food trucks, mercados ou cafés. Nos apaixonamos pelo supermercado COOP, que tem ótimo custo-benefício, pratos prontos bem gostosos, sanduíches deliciosos e até vinho geladinho em pequenas garrafinhas com tampa de rosca e copinho acoplado. Prático, saboroso e com vista para os Alpes.

Depois de colocar todos esses pontos na balança, encaramos um ano de muita pesquisa, planejamento e reservas antecipadas para viabilizar aquela que seria uma das viagens mais especiais e inesquecíveis das nossas vidas.

Nosso roteiro de 12 dias pela Suíça

O país tem muitos destinos interessantes, entre as partes alemã, francesa e italiana... E em cada região, são tantas cidades fascinantes e atrações incríveis! Não foi fácil escolher... Começamos optando por explorar a região da Suíça Alemã, uma vez que eu já conhecia a parte francesa do país. Assim, o mais óbvio e prático era chegar e voltar por Zurique, portanto o ponto central do nosso roteiro. Como queríamos uma experiência mais lenta, com tempo para explorar cada lugar com calma e nos deixando levar pelo ritmo da paisagem, então teriam que ser menos cidades e concentradas em uma região só, ao invés de longos deslocamentos, bate e voltas cansativos e com pouco tempo para explorar os lugares visitados. E por ser final de primavera, a combinação de uma cidade como Zurique, com uma esticada até Lucerna, que fica a menos de 50 minutos de trem, com uma imersão no coração dos Alpes parecia perfeita.

Então, nosso roteiro de 12 dias pela Suíça alemã ficou assim:

Pegamos um voo do Brasil para Lisboa e de lá para Zurique. Chegamos no final da manhã e ficamos três noites. Tivemos uma tarde e mais dois dias inteiros para explorar a cidade, que nos acolheu com seu charme sofisticado, entre ruas comerciais, arte, arquitetura histórica e uma atmosfera de metrópole que respira organização e qualidade de vida. No final da viagem, tivemos mais um dia praticamente inteiro em Zurique, pois pegamos o trem cedinho em Berna e dormimos a última por lá antes de pegar nosso voo de volta para casa.

Zurique: nosso ponto de partida

De Zurique, seguimos de trem para Lucerna, uma das cidades mais lindas da Suíça. Dormimos apenas uma noite, mas como a distância é curta (cerca de 50 minutos), chegamos cedo e conseguimos aproveitar bem o dia para explorar suas pontes, o lago, o centro histórico, as muralhas, o Leão de Lucerna e ainda curtir a atmosfera da cidade à noite, quando Lucerna se torna ainda mais mágica.

Lucerna a noite é mágica!

Depois, embarcamos rumo à região montanhosa de Interlaken (bem conhecida pelos centros de esqui no inverno), onde nos hospedamos na charmosa vila alpina de Wengen, a dez minutinhos de trem do deslumbrante vale de Lauterbrunnen. Com apenas 500 habitantes e sem carros, Wengen é uma base perfeita para explorar o espetáculo natural da região conhecida como Jungfrau, com suas trilhas, mirantes, cachoeiras e picos nevados. Uma das experiências mais emocionantes da viagem.

Wengen: um pequena jóia encravada nas montanhas

Por fim, fechamos com chave de ouro em Berna, a capital da Suíça. Uma cidade que surpreende pela beleza do seu centro histórico medieval, repleto de fontes, arcadas e uma atmosfera encantadora. O rio Aare, cujas águas verde esmeralda cortam o coração da cidade, é um espetáculo a parte. Passamos duas noites por lá e voltamos com o coração aquecido.

Berna: a capital medieval da Suíça

Achamos que 12 dias foram perfeitos para uma viagem feita com calma, com tempo suficiente para explorar cada cidade e atração sem pressa. Nesse vídeo feito com um app que descobri, deu para reproduzir nosso roteiro com uma animação fofinha. Achei o máximo!

Nos próximos posts dessa série sobre a Suíça aqui no blog, vou mergulhar nos detalhes e as experiências vividas em cada etapa. Mas antes, que tal saber um pouco mais sobre o país?

Informações práticas sobre a Suíça

A Suíça é um pequeno país encravado no coração da Europa, que faz fronteira com os seguintes países: Alemanha, ao norte; França, a oeste, Itália, ao sul, e Áustria e Liechtenstein, a leste. A localização privilegiada faz da Suíça um ponto de conexão entre diferentes culturas, línguas e paisagens — o que explica sua diversidade impressionante em tão pouco território.

No centro da Europa, a Suíça faz fronteira com quatro países

Sua organização política é baseada em cantões autônomos, e a cultura é marcada pela convivência de quatro idiomas oficiais: alemão, francês, italiano e romanche. O país é também conhecido por sua tradição de democracia direta, onde a população vota com frequência em decisões importantes.

A moeda é o franco suíço (CHF), e os preços costumam ser altos para padrões brasileiros. Em compensação, o país oferece segurança, limpeza, um olhar sustentável sobre o uso dos recursos naturais e uma relação respeitosa com o meio ambiente. É um destino que alia natureza e civilização como poucos no mundo.

Para além das expectativas

A Suíça foi tudo que esperávamos e um pouco mais. Foram dias mágicos, mergulhados em uma cultura incrível, de um povo que sabe receber o visitante com eficiência, profissionalismo e gentileza. Os meios de transporte funcionam com pontualidade impressionante — você chega aos lugares mais remotos de forma simples, cômoda e admirando paisagens que parecem pintadas à mão.

Mas para além disso, o que realmente nos tocou foi a acolhida. A simpatia, a gentileza, a sensação constante de estar sendo bem-vindos. Voltamos encantados, com a alma leve e a certeza de termos vivido uma experiência rara, dessas que ficam para sempre.

Nos próximos textos, vou compartilhar os detalhes de cada etapa desse roteiro, com dicas, histórias e memórias que, quem sabe, possam te inspirar a colocar a Suíça no seu próximo roteiro de viagem.

Te vejo no próximo post!